segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Livre

O dia surgiu com neblinas alvas como a pomba, no céu notava-se um tom sem ânimo. O vento cortava com zunidos agudos as folhas de outono.
Este tempo inglório e abatido fazia Helena apreciar sua lembrança de infância, tão distante, mas tão presente em seu coração, forte, quente, verde e laranja. Helena estava agora nos salões festivos e decorados com cores vivas e papéis cortados, música e dança a fazia planar em meio a deslumbres e vestidos amenos. Seus pés rodavam no ar e seu sorriso desprendido de julgamentos iluminava o salão repleto de sensações de amor.
Nem se lhe dava de ver que os menos felizes se levantavam de seus bancos e a admiravam pelo seu carisma e energia confiante, seu espírito era livre.
Onde está essa liberdade agora Helena? questionava-se, seus anos infantis haviam se passado e agora sua janela tremulava por conta do vendo de outono. 
Desceu a escadaria de madeira com detalhe barroco, dobrou num só lance o corredor, abriu a porta e correu para a rua, seu vestido branco dançava com o vento. A liberdade a visitou.
Helena finalmente entendeu a frase de Fernando Pessoa...
"Quer pouco: terás tudoQuer nada: serás livre."

Nenhum comentário:

Postar um comentário