Palavra

Se você me perguntasse como acontece, eu ficaria mudo. Escrever é um ato de entrega, é sentir uma força interna de sentimentos que me impulsiona e obriga a liberar palavras e letras. Eu conversei um dia com meu coração e ele me disse: Se você que me ajudar de alguma forma, escreve. Não sei bem o lugar onde achei a inspiração, mas ela estava bruta dentro de mim, gritando para ser palavra. Pode ser que essas coisas loucas e inconsequentes dos meus vinte e poucos anos se tornem um livro, mas eu vivo e sinto sabores e sensações gostosas ao passar palavras carregadas de verdade. Escrever é como espremer a alma até sair um caldo grosso de estrelas brilhantes faiscando paixão.


Quando eu era pequeno imaginava um mundo cheio de algodão doce, arco-íris, grama, sorvete, palhaços, fantasia, magia, amor, amigos. Assim que me tornei adulto, percebi que as pessoas acabam perdendo a pureza, se preocupando mais em ter do que ser. Eu queria muito falar sobre como ganhar muito dinheiro, carro, futebol, mulher e me tornar um cara legal e razoável. Não consegui, escolhi ser.


Não consigo arrumar muito bem os sentimentos dentro de mim, cada um tem o seu lugar, mas não se comportam nem se suportam, sentimentos são vaidosos, so pensam em si, não sabem sentar em fileira e não sabem se organizar, complicam tudo, gritam, desobedecem, atravessam a rua quando você pede pra ficar perto de você, zombam, cada sentimento quer ser melhor que o outro, brigam, se odeiam, um pisa na cara do outro, tentam puxar o que tá subindo, empurram, esmagam, se unem apenas uma vez, para virarem palavra.